Um convite para os estudantes: se pudessem mudar o que veem lá fora, como seria a vista da janela?
Podemos começar convidando os estudantes a pensarem em como gostariam que fosse a rua, o bairro e o entorno de onde moram. Quando olham pela janela, o que gostariam de ver? Se pudessem mudar o que veem lá fora, como seria a vista da janela?
Não é interessante pensar que nenhuma janela do mundo tem a mesma paisagem? Existe uma comunidade aberta no Facebook chamada A View From My Window ("Uma vista da minha janela" em português) justamente destinada a isso, incentivar pessoas do mundo inteiro a compartilharem o que veem de suas janelas.
Incentive os estudantes a olharem mais atentamente para fora de onde moram e estudam e observarem melhor o seu entorno. Desenhar o que vemos é uma ótima maneira de exercitarmos esse olhar mais atento!
Os alunos podem primeiro fazer um esboço do que gostariam que fosse diferente e depois partir para a construção envolvendo outros materiais. Se quiserem, também podem se inspirar e criar uma versão digital desse projeto, como esta aqui.
Dica - E se eu estiver mediando esta etapa remotamente?
Existem diversas possibilidades, as quais dependem do seu contexto e dos recursos que você e seus estudantes têm acesso. Por exemplo, se os estudantes tiverem acesso à internet por meio de computadores e smartphones, podemos explorar as seguintes plataformas:
- Enviar um áudio curto via Whatsapp com esse grande convite ao imaginar e depois incentivar os estudantes a enviarem fotos do que veem de suas janelas e dos desenhos com suas ideias.
- Criar um mural colaborativo virtual (ver aba Indo Além) com o convite e solicitar que os estudantes compartilhem suas ideias da forma que acharem pertinente: escrevendo sobre ela, postando um desenho ou uma imagem de referência, gravando um vídeo.
- Dependendo do acesso a dados remotos, também é possível enviar um vídeo curto (ou link para acessá-lo) via Whatsapp.
- Postar vídeos, perguntas e outros recursos que inspirem os estudantes em um ambiente virtual de aprendizagem;
- Criar um formulário interativo na forma de uma aventura-solo para os estudantes explorarem e responderem com suas ideias.
- Realizar uma videoconferência com os alunos e convidá-los a falarem sobre suas ideias, escreverem suas ideias em um mural virtual, envolverem as pessoas que moram com eles em suas apresentações...
Mão na massa!
Hora dos estudantes criarem seus projetos! Então, também é o momento de distribuir para cada aluno um pequeno kit com alguns materiais que ele possa usar em sua criação!
Eles não precisam concluir o que estão criando durante o tempo de uma aula, a ideia é que ao final da atividade apresentem uma primeira versão de seus projetos e o que pretendem fazer a seguir, dando continuidade em outros momentos para aperfeiçoá-los e finalizá-los.
Dica - Como podemos interagir seguindo protocolos de distanciamento físico?
Podemos incentivá-los a expressarem suas ideias durante esse momento de criação, fazendo perguntas para que falem sobre o que pretendem criar e para que a turma saiba o que cada um está criando, já que a circulação livre não é algo possível neste momento.
E, que tal colocar uma música para alegrar o ambiente?
Se possível, compartilhe desse momento de criação com eles! Crie também a sua janela hackeada e vá narrando as suas dificuldades e ideias enquanto eles criam em seus lugares!
Plugue essa atividade!
Se os estudantes tiverem acesso a computadores e celulares, podem utilizar esses dispositivos para a criação de seus projetos. E se os estudantes:
- Criassem o mundo que gostariam de ver, usando Minecraft ou o Scratch?
- Produzissem um vídeo entrevistando pessoas queridas e o que elas também gostariam que fosse realidade em suas cidades?
- Tirassem fotografias usando o celular e depois fizessem colagens virtuais modificando essas imagens?
- Criassem um blog relatando seus sonhos em relação às paisagens que costumam ver?
Dica - E se eu estiver mediando esta etapa remotamente?
Se for um momento de criação assíncrono, podemos incentivar os estudantes a explorarem os objetos e os cômodos de suas casas de uma forma inusitada. E se eles:
- Usarem a própria janela como base para sua criação, como a Rafa e a Gabi fizeram neste vídeo?
- Ou criarem uma janela mágica usando o Minecraft, como o Victor Hugo fez e compartilhou neste vídeo?
- Ou usarem objetos inusitados em seus projetos, como fez a Mariah?
- Montarem uma tenda que funcionará como seu estúdio de criação?
- Envolverem outras pessoas que moram com eles para criarem junto?
- Envolverem os responsáveis para ajudá-los a compartilhar seus projetos em suas redes sociais ou nas da escola?
- Hackearem suas janelas com o Scratch e postarem seus projetos neste estúdio?
A forma como essas orientações e provocações chegam aos estudantes depende muito do seu contexto e dos recursos que você e seus alunos têm acesso. Poderia ser:
- Uma mensagem ou um áudio curto via Whatsapp;
- Uma folha com orientações e um espaço para que os estudantes possam escrever, desenhar e fazer colagens para depois te entregarem;
- Um vídeo curto postado em um ambiente virtual de aprendizagem.
Se for um momento de criação síncrono, podemos incentivar o mão na massa durante uma videoconferência, com criações envolvendo materiais concretos em casa ou criações virtuais - usando o Scratch, por exemplo!
Olha só que legal este vídeo que mostra um exemplo de uma atividade mão na massa remota e síncrona! :)
Ah, uma coisa super importante! Não podemos nos esquecer de incentivar os estudantes a documentar todo o processo de criação, seja por meio de desenhos, fotografias, registros em um diário de bordo ou diário de áudios! Além de ajudá-los a entenderem melhor o seu percurso de aprendizagem, essa documentação pode ser utilizada durante o compartilhamento dos projetos e para avaliação! :)
Como foi o processo de criação?
Depois de criarem seus projetos, podemos convidar os estudantes a compartilharem o que criaram e refletirem sobre esse processo de criação. Como a circulação é um pouco limitada, devido aos protocolos de distanciamento, uma possibilidade é convidar cada estudante a se levantar em seu lugar e apresentar o que criou para a turma, com o cuidado de deixá-los bem à vontade para que façam isso de forma voluntária.
Algumas perguntas para ajudar a mediar esse momento em que eles apresentam o que criaram:
- O que você escolheu mudar na vista da sua janela e por quê?
- E quanto ao formato, qual foi escolhido e por quê?
- Como foi o processo de criação?
- O que foi fácil? E divertido? O que foi difícil?
- O que faria diferente se tivesse mais tempo?
- O que te surpreendeu durante a criação do seu projeto? Ele ficou parecido com o que você imaginou no início?
- Você descobriu algo sobre os lugares que costuma frequentar (sua rua, seu bairro, o entorno da escola) que não havia reparado antes?
Podemos propor essas perguntas alternadamente para um ou outro estudante, para que todos tenham a oportunidade de falar. E uma boa forma de iniciar esse momento com a turma é apresentando o seu projeto, para incentivar os alunos a compartilharem aos poucos o que criaram.
Além de refletirem sobre o próprio processo de criação, este é um rico momento para conhecerem melhor os seus colegas, fazerem perguntas genuínas e aprenderem a dar e receber feedback.
O que descobri sobre meus colegas?
Em relação ao que conheceram do projetos apresentados pelos colegas, podemos convidar os estudantes a pensarem sobre as seguintes questões:
- Percebeu um jeito curioso de usar os materiais para criar o projeto que não havia pensado antes e que gostou?
- Você encontrou pessoas com interesses parecidos com os seus?
- Algum projeto despertou a sua curiosidade? Por quê?
- Depois de conhecer os projetos da turma, você ficou com vontade de contribuir com algum deles?
Dica - Sobre aprender a dar e receber feedback
Os feedbacks são super importantes para que seja possível avançar na criação de um projeto. No entanto, sempre que houver alguma crítica, devemos lembrar os estudantes que elas devem ser específicas, gentis e úteis.
Outro ponto importante é incentivarmos os alunos a perceberem as convergências de interesses e quanta diversidade há na turma e como poderiam usar isso a favor deles na criação de projetos coletivos.
Compartilhando os projetos com um público real
Aprofundando conexões com o tema
Pensar em como gostaríamos que fosse o lugar onde moramos pode ser um primeiro passo para agirmos e tentarmos tornar isso realidade.
No entanto, também é necessário ressaltar para os estudantes a importância sensibilizar outras pessoas, de agir de alguma forma e de participar, de forma consciente e responsável, das tomadas de decisões que os afetam.
Podemos criar oportunidades de reflexão durante e após o compartilhamento dos projetos para explorar essas discussões em sala de aula, convidando-os a aprofundarem a compreensão a respeito do exercício da cidadania e da tomada de decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Por exemplo, algumas pessoas encontram diferentes meios de sensibilizar os outros em relação a alguns problemas. Um exemplo foi o jeito que os fotógrafos Tuca Vieira e Johnny Miller criaram de mostrar as desigualdades dentro de uma mesma cidade. O Tuca vieira tirou essa foto de Paraisópolis, que ficou muito famosa por mostrar lado a lado duas realidades muito diferentes dentro de São Paulo, em que de um lado é mostrado um estilo de vida farto de recursos e de outro a escassez e falta desses recursos para parte da população. Já o Johnny Miller, um fotógrafo sul-africano, tem um projeto chamado Unequal Scenes, que traduzindo significa “Cenas Desiguais”, em que também fotografa, mas com ajuda de um drone, as desigualdades presentes em diferentes cidades.
Pensar no que gostaríamos que se tornasse realidade e também sensibilizar outras pessoas é muito importante. Mas também é importante convidar os estudantes agir de alguma forma e participar das tomadas de decisões que os afetam, de forma consciente e responsável. Sobre agir, é possível levar para a turma exemplos de projetos, iniciativas de coletivos de pessoas que fazem isso espalhados pelo Brasil e na sua cidade.
Quanto à participação das tomadas de decisões um primeiro passo que eles podem dar é se envolverem mais com o grêmio estudantil da sua escola, se houver um.
Além de se envolverem em iniciativas da própria escola, os estudantes também pode se reunir, mesmo que virtualmente, com outras pessoas e pensar em iniciativas não necessariamente relacionadas ao local onde estudam. Você pode convidá-los a pensar nos problemas que os afetam e em como poderiam de alguma forma solucioná-lo. Seria criando uma campanha para sensibilizar outras pessoas? Criando um protótipo que evite o desperdício de algum recurso? Criando um sistema de distribuição de itens necessários à saúde e ao bem-estar?
Se eles não souberem por onde começar, você pode mostrar um projeto chamado Criativos da Escola, que encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades, reconhecendo-os como protagonistas de suas próprias histórias de mudança.
Se quiser explorar ainda mais essa discussão que convida os jovens ao protagonismo, pode explorar alguns desses conteúdos:
Dica - E se eu estiver mediando esta etapa remotamente?
Considerando os recursos aos quais os estudantes têm acesso, podemos convidá-los a escolherem a forma que se sentem mais confortáveis para compartilhar sobre seus projetos e suas aprendizagens.
Se envolver o uso de celulares ou computadores, os murais virtuais são ótimas ferramentas, pois permitem a postagem a partir de diferentes linguagens (texto, imagem, áudio, vídeo) e oferecem espaço para que os alunos conheçam os projetos de seus colegas e interajam com eles, fazendo perguntas, deixando uma sugestão ou observação.
O Whatsapp também pode ajudar nessa parte, por meio do compartilhamento de fotografias dos projetos com uma breve explicação em texto ou áudio, ou ainda um vídeo curto.
E as redes sociais, como grupos fechados no Facebook, Instagram da turma, também podem ser uma ótima alternativa, desde haja o consentimento e acompanhamento por parte dos responsáveis e que sejam observadas questões de segurança e privacidade de acordo com a idade dos estudantes.
Olha só que legal este vídeo em que, depois de um momento síncrono de criação, todos os participantes colocaram seus fantoches para cantar em um sarau virtual!